segunda-feira, 27 de abril de 2009

Desmascarando a Teologia da Prosperidade

I - INTRODUÇÃO


“Buscai primeiro o reino de deus e a sua justiça” (Mt 6.33). Aqueles que seguem a Cristo são conclamados a buscar acima de tudo o mais, o reino de Deus e a sua justiça. O verbo buscar subentende estar continuamente ocupado na busca de alguma coisa, ou fazendo um esforço vigoroso e diligente para obter algo (cf. 13.45). Cristo menciona dois objetos da nossa busca: (1) O Reino de Deus devemos buscar diligentemente a demonstração da soberania e do poder de Deus em nossa vida e em nossas reuniões. Devemos orar para que o reino de Deus se manifeste no grandioso poder do Espírito Santo para salvar pecadores, para destruir a influência demoníaca, para curar os enfermos e para engrandecer o nome do Senhor Jesus. (2) Sua justiça com a ajuda do Espírito Santo, devemos procurar obedecer aos mandamentos de Cristo, ter a sua justiça, permanecer separados do mundo e demonstrar o seu amor para com todos (cf. Fp 2.12,13).


II – DEFINIÇÃO: “EVANGELHO DA PROSPERIDADE”


Heresia segundo a qual o crente "deve ser rico", “sempre ter saúde”, senão não está abençoado.. Dizem que por ser filho de Deus, temos o "direito" de termos o que quisermos!


III - OS AMIGOS DE JÓ


É a partir do Cap. 2.11-13 que entram em cena os “amigos de Jó”: Elifaz, Bildade e Zofar. Estes, após verem a sua situação deplorável, passado um momento de comoção e pesar e vendo o estado de Jó piorar, começaram a procurar uma justificativa para o que estava acontecendo. Estavam agora, agindo pela razão. Não está errado o cristão procurar saber de Deus o porquê das coisas, desde que não esqueça de reconhecer sua soberania, onisciência, justiça, amor, etc, pois somos muito limitados para entender as coisas de Deus. O Apóstolo Paulo em Ef 3.10 fala da multiforme sabedoria de Deus, o qual tem muitas maneiras de realizar os seus planos em nossas vidas. Formas que geralmente não entendemos, assim como Jó e seus amigos não entenderam.


Todavia, Elifaz, procura como um filósofo a causa de Jó estar passando por tantos infortúnios, tendo por base suas próprias experiências (Jó 4.7,8). Em suma ele conclui que Jó precisava submeter-se a Deus para que fosse abençoado, caso se arrepen-desse (Jó 5.17,27). No final do relato de Elifaz, depois de todo aquele sentimento demonstrado anteriormente, transforma-se em acusações contra Jó (6.14,29).


IV - A DOUTRINA DE BILDADE


Bildade justificava as tragédias ocorridas com seu amigo Jó, acusando-o de haver falhado em sua obediência a Deus e queria provar que Deus só abençoa aqueles que lhe são fiéis e amaldiçoa aqueles que falham. A fim de fundamentar a sua doutrina, evoca Bildade o testemunho dos antigos: “Porque, eu te peço, pergunta agora às gerações passadas e prepara-te para a inquirição de seus pais. Porque nós somos de ontem e nada sabemos; porquanto nossos dias sobre a terra são como a sombra” (Jó 8.8,9).


V - A FALÁCIA DE BILDADE


A doutrina de Bildade é recheada de verdades e mentiras misturadas de modo a enganar aos incautos e faltos de sabedoria. Assim são as modernas músicas "evangélicas" com letras bíblicas e mundanas e sons santos e profanos; e Pregações shows, que trazem ocultamente a maligna Teologia da Prosperidade que tem feito ricos pobres da´presença de Deus e dos pobres, ricos sem Deus. (Ler 1 Tm 6.10).


VI - A TEOLOGIA DA PROSPERIDADE


Há até pelo menos duas décadas, a pregação evangélica, principalmente pentecostal, enfatizava que os cristãos não deveriam se apegar às riquezas materiais, aos interesses terrenos e que os problemas da vida, como enfermidades, perseguições, falta de dinheiro, eram provações divinas.


A afirmação que melhor resume a Teologia da Prosperidade é a que o cristão deve ser próspero financeiramente e viver sempre livre de qualquer enfermidade. Quando isto não acontece, é porque ele deve estar vivendo em pecado, não tem fé ou está vivendo sob o domínio do diabo.


Os principais pregadores da Teologia da Prosperidade no Brasil são: R.R. Soares (Igreja Internacional da Graça de Deus), Edir Macedo (Igreja Universal do Reino de Deus), Jorge Linhares (Igreja Batista do Getsêmani), Rinaldo de Oliveira (possui ministério próprio), Robson Rodovalho (Comunidade Sara Nossa Terra), Valnice Milhomens (Ministério Palavra da Fé).


Estes pregadores têm ensinado que todos os cristãos devem ser ricos financeira-mente, ter o melhor salário, a melhor casa, o melhor carro, uma saúde de ferro, e afirmando que toda enfermidade vem do diabo. E que se o cristão não vive essa vida pregada por eles, é falta de fé ou que há pecado em sua vida.


A soberania de Deus é a doutrina que afirma que Deus é supremo, tanto em governo quanto em autoridade sobre todas as coisas. Entretanto, nos círculos da Confissão Positiva, ela não é levada muito a sério. Verbos como exigir, decretar, determinar, reivindicar, muitas vezes substituem os verbos pedir, rogar, suplicar, clamar, etc.


VII - AS CONTRADIÇÕES DA TEOLOGIA DA PROSPERIDADE


A Teologia da Prosperidade é representada basicamente por 4 pilares. Consulte todas as referências citadas abaixo.

  • A Teologia da Prosperidade declara que Deus não diz “não” às orações de seus filhos.” (Ler Dt 3.23-29; 2 Sm 12.15-23; 2 Co 12.7-9);
  • A Teologia da Prosperidade diz que devemos orar apenas uma vez por alguma coisa. A oração repetida significa falta de fé. (Ler Mt 26.44; 2 Co 12.8; Gn 25,21; Lc 1.13);
  • A Teologia da Prosperidade ensina que sofrimento e significa falta de fé. (Ler 2 Co 4.8,9; 11.23-29);
  • A Teologia da Prosperidade ensina que sofrer alguma doença significa estar em pecado ou falta de fé (Ler Gn 48.1; 2 Rs 13.14; 2 Rs 20.1; Is 38.1; Dn 8.27; Jo 11.1; Gl 4.13-15; 2 Tm 4.20; Fl 2.25-27);
  • A Teologia da Prosperidade afirma que pobreza não combina com nossa posição de filhos do Rei. (2 Co 8.9; Tg 5.1,6; 2 Tm 6.9,10,17-19).


Refutações para estes falsos ensinos:

  • A prosperidade material. Vemos na Bíblia que em local algum o Senhor garante riquezas aos seus servos, exectuando-se as riquezas celestiais. A prosperidade material está à mercê do esforço humano. Para isto serve o ditado: “Quem planta mais, colhe mais”.
  • As provações dos justos. Sabemos que muitos servos de Deus passaram por pobreza e até pobreza extrema como é o caso de José, Elias, Amós e Lázaro e até os apóstolos; então, como não podemos colocar à prova a fé dos mesmos, concluímos que também os crentes fiéis passam por situações difíceis.
  • A doença nos justos: Sabemos que há várias razões para que alguém seja acometido por doenças. A Bíblia relata 3 razões principais para as enfermidades: 1) pelo homem ainda possuir a natureza humana (Gn 48.1; Dn 8.27; 2 Tm 4.20); 2) por provação (Jó 21-7) e 3) por consequência do pecado (Jo 5.1-14).
  • A evidência de uma vida piedosa. Creio que Deus tem um plano para cada um de nós desde que nos submetamos a Ele. Assim Deus chama uns para serem pobres e na sua pobreza fazer uma grande obra para Ele; enquanto também chama pessoas de classe média e alta para O servir. Também vemos que o Senhor chama ricos e os faz pobres, como chama pobres e os faz ricos, tudo está em Seus planos e o que temos que fazer é nos submeter aos mesmos sem murmuração.


Paulo talvez fosse rico antes, mas depois que teve contato com Cristo viveu sem riquezas. Leia Fp 4:11-12 e I Co 4.11-14. Após ter feito esta leitura, responda a seguinte pergunta: “Paulo era um homem sem fé? Fraco? Débil?”


VIII - A JUSTA PORÇÃO DE AGUR


A Teologia da Prosperidade é diabolicamente perversa e mentirosa, porque induz os filhos de Deus a buscar a riqueza, por concluírem ser esta tão importante quanto a salvação.

  • A teologia da miséria. Existe a "teologia da miséria" pregada por algumas religiões, que visa a salvação através do sofrimento, o que não está correto pois sendo assim, todos os pobres miseráveis e sofredores seriam salvos sem o sacrifício vicário de Cristo. Jó não era justificado nem pela sua riqueza de antes e nem pela sua pobreza de agora e sim pela sua fé num redentor que esperava ele, vir em sua ajuda. (Ler Ef 2.8).
  • A porção de Agur. “Duas coisas te pedi; não mas negues, antes que morra: afasta de mim a vaidade e a palavra mentirosa; não me dês nem a pobreza nem a riqueza; mantém-me do pão da minha porção acostumada; para que, porventura, de farto te não negue e diga: Quem é o Senhor? Ou que, empobrecendo, venha a furtar e lance mão do nome de Deus” (Pv 30.7-9). Veja o que o Espírito Santo nos ensina sobre o desejo de se tornar rico, usando o apóstolo Paulo: 1 Tm 6.9: “Mas os que querem tornar-se ricos caem em tentação e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, as quais submergem os homens na ruína e na perdição”.


IX - EXEMPLOS E VERSÍCULOS BÍBLICOS QUE COMBATEM CONTRA A TEOLOGIA DA PROSPERIDADE

  • Salomão não pediu riquezas... 1 Rs 3.9
  • O mendigo Lázaro era salvo, porém... Lc 16.20-23
  • Paulo viveu em constante pobreza: Fp 4.11
  • Porque Jesus pediu ao rico para desfazer-se dos bens? Lc 18.22
  • Os que querem ficar ricos caem em tentações: 1 Tm 6.9
  • Não podemos servir a Deus e as riquezas: Lc 16.13
  • Igreja Apostólica não tinha membros que se diferenciassem entre si nas posses: At 2.44-45
  • A oração que não é atendida: para gastar no luxo: Tg 4.3
  • Na oração do Pai Nosso não há indicação de pedirmos além do necessário ("de cada dia..." Mt 6.11)
  • A colheita de cem por um é de natureza espiritual! Mt 13.23
  • A Bíblia exorta a procurar os melhores dons (1 Co 12.31), a buscar a Deus e Seu Reino (Is 55.6, Mt 6.33), etc. Não há passagem recomendando o acúmulo de bens (veja Pv 30.8-9, Sl 62.10, 1 Tm 6.8)
  • O servo de Eliseu pegou lepra pela cobiça... 2 Rs 5.20-27
  • Cobiça como pecado: Lc 12.15-21, 1 Jo 2.16
  • "Não amar as coisas do mundo", significa não desejá-las!1 Jo .15
  • "Não ajunteis tesouro na terra..." Mt 6.19
  • A fascinação da riqueza sufoca o crescimento espiritual Mc 4.19
  • O amor ás riquezas, raiz dos males 1 Tm 6.10
  • Transitoriedade e vaidade (Pv 23.5, Ec 2.18, 5.10)
  • Pobres no mundo, mas ricos para Deus (Tg 2.5)
  • Prosperidade como resultado da obediência, e não dos "direitos": Dt 7.12-13, 11.13-15, etc.
  • A cobiça levou o povo de Israel a desobedecer e ser derrotado: Js 7.1-26
  • Jó, um justo, passou por um período de pobreza total: Jó 1.9-12
  • "Ganhar o mundo inteiro" ou "perder sua alma"? (Mc 8.36). Veja também Lc 12.34
  • Qual o objetivo do evangelho? Prosperidade ou salvação? Veja Jo 20.


X - CONCLUSÃO


A verdadeira prosperidade é ter Cristo no coração. Ele é o nosso supremo bem. A verdadeira prosperidade é ser canal de Deus para abençoar os outros, isso implica em ser abençoado também, pois quem planta sempre colhe e quem planta boas sementes em bons terrenos, sempre colhe bons frutos.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Desmascarando o Catolicismo Romano (Parte 09)

IX. OS LIVROS APÓCRIFOS

Muitas perguntas têm sido feitas e muitas questões têm sido levantadas quanto aos livros apócrifos. Os católicos chegam mesmo a afirmar que a Bíblia usada pelos evangélicos (aos quais cha­mam "protestantes") é incompleta e falha por faltarem nela os li­vros apócrifos. Muitos evangélicos, por sua vez, perguntam por que a nossa Bíblia não contém tais livros.

9.1. Definição de "Apócrifo"
Empregamos aqui o termo apócrifo num sentido restrito, for­çando um pouco o sentido original da palavra, e pondo de parte o caráter de certos escritos, aos quais o referido termo se aplica. A palavra "apócrifo", literalmente, significa "oculto". Porém, no decorrer dos tempos e em razão do uso, o termo já não tem o sen­tido de "oculto", mas de "espúrio", isto é, "não-puro".

No tempo da Reforma, o termo "apócrifo" foi definitivamente aplicado a esses livros não-canônicos contidos na Vulgata, pois não faziam parte do cânon hebraico. Seu significado oposto ao termo "canônico" acarretou, para esses livros, o desprezo que se sentia pela literatura apocalíptica e oculta, tanto judaica como cristã-judaica.

9.2. Relação dos Apócrifos
O número de livros apócrifos vai muito além daqueles que a Bíblia de uso católico contém, porém os mais conhecidos, e aqui citados, são aqueles que foram aprovados pela Igreja Católica no Concilio de Trento, em 1546. Destes, mais da metade são inseridos nas Bíblias de edição católica. Alguns desses livros são também inseri­dos em Bíblias de editoras protestantes, para estudo e investigação da crítica textual e devido ao seu relativo valor histórico.

Os apócrifos consistem em livros assim chamados, e em acrés­cimos a livros canônicos. A sua aprovação pela Igreja Católica deu-se, como já dissemos, em 1546, no Concilio de Trento, em meio a intensa controvérsia, havendo inclusive luta física resul­tante da contenda e dos debates em torno deles. Os livros, e acrés­cimos a livros canônicos, aprovados, foram os seguintes: Tobias, Judite, acréscimo ao livro canônico de Ester, Sabedoria de Salomão, Eclesiástico, Baruque (contendo a Epístola de Jeremias), Cântico dos Três Santos Filhos (acréscimo a Daniel), História de Susana e Bel e o Dragão (também acréscimos a Daniel), 1 e 2 Macabeus.

Eram 14 os principais apócrifos do Antigo Testamento. Des­tes, os não reconhecidos pelo Concilio de Trento foram 1 e 2 Esdras e A Oração de Manasses.

9.3. Questões a Considerar
Por que estes livros são considerados apócrifos e não canônicos? A razão óbvia é que eles não suportam uma prova de canonicidade, como é mostrado a seguir:
• Eles nunca fizeram parte do cânon hebraico.
• Eles nunca foram citados no Antigo Testamento.
• Joséfo, o historiador judeu, os omite em seus escritos.
• Nenhum deles reclama a inspiração divina para si.
• Eles contêm erros históricos, geográficos e cronológicos.
• Eles ensinam e apóiam doutrinas que são contrárias às Escri­turas em geral.
• Como literatura, às vezes não passam de mitos e lendas.
• Em geral, seu nível espiritual e moral deixa muito a desejar.
• Jesus não os cita em seus escritos.
• Os apóstolos e escritores dos Evangelhos, das Epístolas e do Apocalipse não se referem a eles nos seus escritos.
• Os famosos Pais da Igreja primitiva não se reportam a eles como fonte de inspiração dos seus escritos.
• Eles foram escritos muito tempo depois de encerrado o cânon do Antigo Testamento.

Certamente que nem todas as igrejas têm a mesma opinião quanto ao valor dos apócrifos. A Igreja Reformada, por exemplo, sempre considerou os livros não-canônicos como de relativo va­lor, "para exemplo de vida e instrução de costumes, ainda que sem autoridade em matéria de fé".


DE OLIVEIRA, Raimundo. Seitas e Heresias: Um Sinal do Fim dos Tempos. Rio de Janeiro: CPAD, 2002.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Desmascarando o Catolicismo Romano (Parte 08)

VIII. A MISSA

Dentre os muitos chamados "sacramentos" da Igreja católica Romana, destaca-se a missa.

8.1. Definição da Missa

O que a missa é no contexto do Catolicismo Romano é defini­do pelo padre Miguel Maria Giambelli: "O que nós, católicos, chamamos 'missa', os primeiros cris­tãos de Jerusalém chamavam de 'partir do pão', porque foi exata­mente isto o que fez Jesus na última ceia: 'Tomou o pão, deu gra­ças e partiu...'" S. Paulo lembra aos coríntios que todas as vezes que eles se reúnem para comer deste pão e beber deste cálice, anunciam a morte do Senhor, isto é, eles renovam o sacrifício do Calvário.

"O apóstolo Paulo alerta os coríntios de que aquele pão e aquele vinho, após as palavras consagradas, não são mais pão e vinho comuns, mas são algo de misterioso que esconde o corpo sagrado de Jesus, e quem, portanto, se atrever e comer deste pão e beber deste vinho sem as devidas condições espirituais, comete uma pro­fanação tão sacrílega que o torna réu de um crime contra o corpo e o sangue do Senhor Jesus. Daí porque São Paulo continua alertando os coríntios a tomarem muito a sério o ato de comer deste pão e beber deste cálice consagrado na eucaristia, porque quem os come e bebe sem crer firmemente que são corpo vivo de Cristo, e, por­tanto, sem fazer distinção entre o pão comum da padaria e pão consagrado 'come e bebe sua própria condenação!'" (A Igreja Católica e os Protestantes, p. 27).

Deste ensino deduz-se que Giambelli afirma:
a. Missa e santa ceia do Senhor são a mesma coisa.
b. A missa renova o sacrifício do Calvário.
c. O pão e o vinho usados na missa são transubstanciados no próprio corpo de Cristo no momento da celebração.
d. Quem não diferençar o pão que é servido na missa do que é vendido na padaria, "come e bebe sua própria condenação".

8.2. Que Dizem as Escrituras

Esse ensino é errado, portanto, contrário àquilo que as Escri­turas Sagradas ensinam. O recurso que a Igreja Romana usa para confundir o significa­do da expressão "... em memória..." com a palavra "... renovar", se constitui numa incoerência, primeiro à luz da Bíblia, e depois à luz da gramática. No Dicionário da Língua Portuguesa, de Augusto Miranda, a expressão "em memória" tem como sinônimo a ex­pressão "em lembrança"; enquanto a palavra "renovar" tem como sinônimo a palavra "recompor". Portanto, uma nada tem a ver com a outra.

Se a morte de um amigo nos vem à memória, isto não é a mesma coisa que renová-la. Existem vários versículos na Bíblia que falam da impossibilidade de se renovar o sacrifício de Cristo, entre os quais se destacam: Hebreus 7.26,27; 10.12-14; 1 Pedro 3.18 e Romanos 6.9.

8.3. O Problema da Transubstanciação

Não há um só versículo nas Escrituras em apoio à tese do Concilio de Trento de que o pão e o vinho usados na missa, ao serem consagrados, tornam-se, ou transubstanciam-se, em Jesus, física e espiritualmente, assim como Ele está no céu. Veja, por exemplo:

a. Mesmo após a ressurreição, não obstante gozando do privi­légio de um corpo espiritual, Jesus não bilocou-se, isto é, Ele não esteve em dois lugares ao mesmo tempo. Se estava em Emaús, não estava em Jerusalém. Ele estava num só lugar de cada vez. Como pretende, pois, a teologia vaticana provar que Jesus esteja fisica­mente, tanto no céu como nas hóstias espalhadas nos sacrários dos templos católicos por todo o mundo?

b. Quando Jesus diz: "E eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos" (Mt 28.10), Ele não sugere que estaria fisicamente através do pão e do vinho da missa, mas espiri­tualmente, assim como esteve com Paulo, conforme Atos 18.9,10.

c. O corpo de Cristo hoje na Terra não é o pão e o vinho usa­dos na celebração da missa, mas a sua Igreja, conforme mostram as seguintes passagens bíblicas: 1 Coríntios 10.16,17; 12.27; Efésios 1.22,23; 4.15,16; 5.30.

Outra prova de que missa e santa ceia do Senhor são cerimô­nias diferentes, é que na missa os comungantes só tomam um ele­mento (a hóstia) enquanto o vinho é tomado exclusivamente pelo padre celebrante, quando a ordem novitestamentária é: "Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma do pão e beba do cálice" (1 Co 11.28).

DE OLIVEIRA, Raimundo. Seitas e Heresias: Um Sinal do Fim dos Tempos. Rio de Janeiro: CPAD, 2002.