terça-feira, 17 de março de 2009

Desmascarando o Catolicismo Romano (Parte 05)

V. O PURGATÓRIO

A idéia do Purgatório tem suas raízes no budismo e em outros sistemas religiosos da antigüidade. Até a época do papa Gregório I, porém, o Purgatório não havia sido oficialmente reconhecido como parte integrante da doutrina romanista.

Esse papa adicionou o conceito de fogo purificador à crença, então corrente, de que havia um lugar entre o céu e o inferno, para onde eram enviadas as almas daqueles que não eram tão maus, a ponto de merecerem o inferno, mas também, não eram tão bons, a ponto de merecerem o céu. Assim, surgiu a crença de que o fogo do Purgatório tem poder de purificar a alma e todas as suas escórias, até fazê-la apta a se encontrar com Deus.

5.1. ALEGADAS RAZÕES DESSE DOGMA

Buscando provar a existência do Purgatório, a Igreja Romana apela para algumas passagens bíblicas, das quais extrai apenas falsas inferências, e nada mais. Entre os versículos preferidos, destacam-se os seguintes:

"Se alguém proferir alguma palavra contra o Filho do ho¬mem ser-lhe-á isso perdoado; mas se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será isso perdoado, nem neste mundo nem no porvir" (Mt 12.32).
"Digo-vos que toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no dia de juízo" (Mt 12.36).
"...se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano; mas esse mesmo será salvo, todavia, como que através do fogo" (1 Co 3.15).

5.2. UMA DESCRIÇÃO DO PURGATÓRIO

De acordo com a teologia romanista, o Purgatório, além de ser um lugar de purificação, é também um lugar onde a alma cumpre pena; pelo que o fogo do Purgatório deve ser temido grandemente. O fogo do Purgatório será mais terrível do que todo o sofrimento corporal reunido. Um único dia nesse lugar de expiação poderá ser comparado a milhares de dias de sofrimentos terrenos.

O escritor católico Mazzarelli faz seus cálculos à base de trinta pecados veniais por dia, e, para cada pecado, um dia no Purgatório, perfazendo um total de mil e oitocentos anos, caso o pecador tenha sessenta anos de vida na Terra, devendo-se acrescentar aos veniais os pecados mortais absolvidos, mas não plenamente expiados.

5.3. QUEM VAI PARA O PURGATÓRIO?

A pergunta: Que espécie de gente vai para o Purgatório? — responde o papa Pio IV: "1. Os que morrem culpados de pecados menores, que costumamos chamar veniais, e que muitos cristãos cometem — e que, ou por morte repentina, ou por outra razão, são chamados desta vida, sem que se tenham arrependido destas faltas ordinárias. 2. Os que, tendo sido formalmente culpados de peca¬dos maiores, não deram plena satisfação deles à justiça divina" (A Base da Doutrina Católica Contida na Profissão da Fé).

Apesar do fato de as almas no Purgatório, segundo o ensino da Igreja Romana, terem sido já justificadas no batismo e pelo batismo, a justiça divina, contudo, não ficou plenamente satisfeita. Desse modo, a alma, embora escape do inferno, precisa suportar, por causa dos seus pecados que ainda restam por expiar depois da morte, a punição temporária do Purgatório. Isso foi categoricamente afirmado pelo Concilio de Trento: "Se alguém disser que, depois de receber a graça da justificação, a culpa é perdoada ao pecador penitente, e que é destruída a penalidade da punição eterna, e que nenhuma punição fica para ser paga, ou neste mundo ou no futuro, antes do livre acesso ao reino a ser aberto, seja anátema" (Seção VI).

5.4. SUFRÁGIOS PELOS QUE SE ACHAM NO PURGATÓRIO

Entre o que pode assistir aos que se encontram no Purgatório, há três atos que se destacam no ensino romanista, que são:

5.4.1. Oraçõs pelos Mortos

E de se supor que a prática romanista de interceder pelos mortos tenha-se gerado da falsa interpretação às seguintes palavras de Paulo: "Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de súplicas, orações, intercessões, ações de graça, em favor de todos os homens" (1 Tm2.1).

5.4.2. Missas

As missas são tidas como os principais recursos empregados em benefício das almas que estão no Purgatório, pois, segundo o ensino romanista, a missa beneficia não só a alma que sofre no Purgatório, como também acumula méritos àqueles que as mandam dizer.

5.4.3. Esmolas

Dar esmolas com a intenção de aplicá-las nas necessidades da alma que pena no Purgatório "é jogar água nas chamas que a devoram". Pretende a Igreja Romana que, "exatamente como a água apaga o fogo mais violento, assim a esmola lava o pecado".

Ainda sobre o Purgatório, o Concilio de Trento declarou: "Desde que a Igreja Católica, instruída pelo Espírito Santo nos sagrados escritos e pela antiga tradição dos Pais, tem ensinado nos santos concílios, e ultimamente, neste Concilio Ecumênico, que há o Purgatório, e que as almas nele retidas são assistidas pelos sufrágios das missas, este santo concilio ordena a todos os bispos que, diligentemente, se esforcem para que a salutar doutrina concernente ao Purgatório — transmitida a nós pelos veneráveis pais e sagrados concílios — seja crida, sustentada, ensinada e pregada em toda parte pelos fiéis de Cristo" (Seção XXV).

5.5. REFUTAÇÃO

O Purgatório não é somente uma fábula engenhosamente mon¬tada, mas a sua doutrina se constitui num vergonhoso sacrilégio à honra de Deus e num desrespeito à obra perfeita efetuada por Cristo na cruz do Calvário. Essa doutrina, além de absurda e cruel, supõe os seguintes disparates e blasfêmias:

• Não obstante Deus declare que já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus (Rm 8.1), contudo, Ele se contradiz a si mesmo quando lança o salvo no Purgatório, para expiar os pecados já purgados.
• Deus não queima os seus filhos no Purgatório para satisfazer à sua justiça já satisfeita pelo sacrifício de Cristo, mas para satisfazer a si mesmo!
• Ao lançar seus filhos no Purgatório, Deus está com isto dizendo que o sacrifício do seu Filho foi imperfeito e insuficiente!
• Jesus, que dos céus intercede pelos pecadores, vê-se impossibilitado de livrar as almas que estão no Purgatório, porque só o papa possui a chave daquele cárcere!
• Dizer que as almas expiam suas faltas no Purgatório é atribuir ao fogo o poder do sacrifício de Jesus, e ignorar completamente a obra que Cristo efetuou no Gólgota!
• Que o castigo do pecado fica para depois de perdoado!

Estes disparates provêm dum erro da teologia vaticana, segundo o qual a obra expiatória de Cristo satisfez a pena devida aos pecados cometidos antes do batismo, e não daqueles que foram cometidos posteriormente.

Todas estas incoerências sobre o dogma do Purgatório estão em contradição com as seguintes afirmações bíblicas:
a. Quanto à perfeita libertação do pecado (Jo 8.32,36).
b. Quanto ao completo livramento do juízo vindouro (Jo 5.24).
c. Quanto à completa justificação pela fé (Rm 5.1,2).
d. Quanto à intercessão de Cristo (1 Jo 2.1).
e. Quanto ao atual estado dos salvos mortos (Lc 23.43;Ap 14.13).
f. Quanto à bem-aventurada esperança do salvo (Fp 1.21,23;2Co5.8).

O que a Igreja Católica Romana chama "Purgatório", a Bíblia chama "Gehenna", ou "Inferno", lugar de suplício eterno, de onde aqueles que nele são lançados, jamais sairão (leia Lucas 16.19-31 e veja que nada poderá ser feito em favor daqueles infelizes que são lançados nesse lugar de terrível suplício). A esses está ordenado morrerem uma só vez, vindo depois disto o juízo (Hb 9.27), quando serão julgados e condenados ao Lago de Fogo.

A salvação oferecida por Cristo é uma salvação perfeita e total, pois ela é o resultado da misericórdia de Deus e do sangue do seu amado Filho.

"Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça" (1 Jo 1.7,9).

O purgatório do crente é o sangue de Jesus.

DE OLIVEIRA, Raimundo. Seitas e Heresias: Um Sinal do Fim dos Tempos. Rio de Janeiro: CPAD, 2002.

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